O Linux e as distribuições
Este é um tema importante quando falamos sobre Linux. Hoje em dia é difícil definir o que exatamente é “o Linux”. Antigamente o kernel era considerado como sendo o Linux em si, enquanto todo o resto eram apenas aplicativos para ele. Mas, hoje em dia temos tantas ferramentas entranhadas no sistema que fica difícil distinguir onde termina uma coisa e começa outra.
Para nos poupar destas divagações e do trabalho de montar o sistema do zero, como faziam os pioneiros, temos hoje as distribuições, que nada mais são do que grandes pacotes de software que trazem instaladores, documentação e outras facilidades, que poupam o usuário das tarefas mais espinhosas de instalação e configuração do sistema.
Existe uma linha tênue entre o que podem ser consideradas deficiências “do Linux” e deficiências da distribuição. Se por exemplo o seu PC começa a travar, por que incluíram um driver experimental para a sua placa de vídeo, ou se um programa qualquer trava por que optaram por adicionar a versão beta ao invés da versão anterior, que era estável, ou ainda se o seu Winmodem não funciona, por que não tiveram disposição para incluir os drivers para ele, o problema não é exatamente “do Linux”, mas sim da distribuição que você escolheu.
Hoje em dia qualquer pessoa pode construir uma distribuição Linux, escolhendo os pacotes, o instalador, as ferramentas de configuração, etc. entre os vários softwares disponíveis. Mas, fazer tudo trabalhar adequadamente já é uma outra história. Esta é a vantagem em utilizar uma distribuição profissional ao invés de um “Zé Linux”, um “Morimoto Linux” ou qualquer coisa do gênero :-)
No geral o sistema se tornou bastante profissional, maduro o suficiente para tornar-se uma opção viável ao Windows para empresas e usuários domésticos, não apenas no velho argumento do custo, mas por realmente ter qualidade. É interessante perceber que além de empresas como a IBM e Sun, que estão adotando o Linux em grande escala em seus produtos, tivemos a participação até mesmo da Microsoft na Linux World de 2002, mostrando que até mesmo eles estão levando o Linux a sério. Como dizia Mahatma Ghandi: "primeiro eles te ignoram, depois riem de você, então finalmente resolvem te enfrentar e aí você vence."
Do ponto de vista de usuários domésticos, o sistema ainda perde em alguns pontos. Apesar de já ser bastante simples de utilizar, o sistema perde para o Windows XP ou o OS X da Apple em termos de amigabilidade. Aplicativos como o Photoshop, Premiere e AutoCAD não existem em versão for Linux (apesar do Corel 9 ter sido portado a algum tempo) e as alternativas gratuitas nem sempre estão no mesmo nível. O suporte a Hardware ainda deixa um pouco a desejar no caso dos softmodems, scanners e alguns outros dispositivos e a instalação dos aplicativos nem sempre é tão simples quanto no Windows.
Porém, o Linux tem várias qualidades. Ainda do ponto de vista de um usuário doméstico, temos a vantagem da grande quantidade de aplicativos que acompanham as distribuições. Softwares de escritório (StarOffice, Koffice, etc), tratamento de imagens (Gimp, Kontour, entre outros), Ferramentas de programação e até mesmo alguns aplicativos científicos podem ser instalados junto com o sistema ao invés de serem comprados (ou mais frequentemente pirateados...) e instalados separadamente. Existem ainda alguns aplicativos comerciais, como o Corel Draw! e o Corel Word Perfect.
Do ponto de vista dos usuários avançados e programadores, o sistema é atrativo por oferecer recursos de prompt de comando muito ricos e que podem ser usados em conjunto com programas de modo gráfico, sem falar que o código da maioria dos aplicativos está disponível, o que é uma fonte de aprendizado quase inesgotável para quem desenvolve software, seja proprietário ou de código aberto, livre ou comercial.
Do ponto de vista de um administrador de sistema, o sistema combina uma grande confiabilidade e segurança com a disponibilidade de vários servidores como o Apache, Samba, Perl, PHP, FTP, etc. que também podem ser instalados junto com o sistema e são fáceis de configurar. Sob vários aspectos, já é mais fácil configurar um servidor Linux que um servidor Windows 2000.
Enfim, o Linux tem vários pontos fortes, mas também várias deficiências. Este livro não se destina a debater qual sistema é melhor, mas apenas a apresentar os principais recursos das distribuições atuais do Linux e deixar que você decida aonde aplicá-lo.
Outro aviso importante é que apesar de extenso, este e-book se destina a usuários iniciantes e intermediários, apesar de abordar vários temas supostamente complexos, como a configuração de servidores Samba e NFS, configuração do sistema, terminais magros (incluindo como rodar o Linux dentro do Windows, via rede, etc.). Enfim, este não é um Guia para Dummies que ensina como usar o mouse, mas um mapa da mina para entender e utilizar todos os recursos disponíveis.
Com exceção das informações sobre ferramentas específicas do Mandrake, a maioria das dicas incluídas aqui podem ser aplicadas também a outras distribuições do Linux.
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